Não me pronuncio muito sobre a Arena por não conhecer os detalhes da negociação (ou negociata). Porém, um exercício de lógica permite ao menos ter uma posição a respeito.
Primeiro vamos assumir o seguinte: o Palmeiras cederá o terreno, os investidores entrarão com os estimados R$300 milhões necessários para levantar o novo estádio e estes terão a concessão de 30 anos para explorá-lo. Creio que estes três pontos foram bastante difundidos e trazem sentido comum. Posto isso, é de se esperar que estes investidores estejam trabalhando para não só recuperar o principal investido, como também ter um retorno não inferior as taxas médias de mercado. Portanto esperam os R$300 milhões de volta, acrescidos de estimados 6% ao ano pelo período de 31 anos (adicionei um ano a mais pelo desembolso médio nos dois anos de construção). Isso dá R$1.8 bilhões ao final das três décadas, valor que, é claro, será menor a medida que estes investidores comecem a retirar valores a partir do primeiro ano de funcionamento da Arena. De qualquer forma é um valor considerável, e que exigirá todos os ganhos correspondentes aos direitos de exploração, tais como nome, restaurantes, eventos e camarotes. O Palmeiras não veria a cor deste dinheiro antes de 2042, quando o estádio, na velocidade da inovação nos nossos dias, estaria obsoleto. Não acredito nas informações de que o Palmeiras teria participação crescente nestas receitas antes de 2042, pela simples razão de que seria difícil fechar a conta, e os investidores não são burros. Caberia ao Palmeiras a receita dos seus jogos e a economia com custo de manutenção do estádio. E isso, receita dos jogos e economia na manutenção, pode representar um importante ganho financeiro, principalmente pela possibilidade de majorar justamente o preço dos ingressos e o aumento de pagantes nos grandes jogos. A condicional, na sentença anterior, corre por conta da qualidade do espetáculo que o time apresentar. Portanto, do ponto de vista financeiro, vejo que a Arena pode representar um ganho, mesmo que a maior parte da receita vá, com razão, àqueles que financiariam a obra.
Como torcedor, acho ótimo ter um local descente para assistir aos jogos. Claro que gostaria que a Arena estivesse em local de mais fácil acesso. Se hoje já é um caos chegar ao estádio em grandes jogos, imagina com mais do dobro de capacidade de torcedores? Mas já seria um avanço versus o velho Palestra.
Meu grande senão é a crença de que seria possível construir um novo estádio sem tamanho aporte dos investidores. O Atlético-PR construiu a sua arena. Verdade que ela é inferior à Arena prometida para o Palmeiras, mas o tamanho da torcida paranaense não se compara a nossa. Tivesse uma administração honesta, o clube teria condições de captar ele os recursos necessários para este empreendimento, e maior seria o seu retorno financeiro. Mas este potencial se escoou nos bolsos dos sócio-vermes.
Resumindo: gostaria que a Arena fosse feita pelo Palmeiras. Mesmo não sendo assim, me conformo, como torcedor, com um melhor local para ver os jogos e torcer para que o incremento de receita seja bem utilizado (o que acho difícil).