8 de janeiro de 2010

Babaquinhas

Em entrevista coletiva o atacante Diego Tardelli disse que ele e seu companheiro no ataque do Atlético-MG no ano passado, Éder Luis, tinham chance de serem contratados por um time europeu e que Éder, negociado com o Benfica, "foi mais feliz". Isso já bastou para alguns jornalistas classificassem de absurda tal declaração: "Então ele não está feliz de ficar no Atlético?", "Estes jogadores só pensam em transferirem-se para a Europa?" e ainda "Não há mais "amor" pelos clubes!". Vejo nisso uma grande hipocrisia destes jornalistas. Afinal o futebol não é profissional? E como tal um jogador profissional não deveria buscar o melhor para a sua carreira? E onde ele pode ser mais "feliz": indo para a Europa embolsando um bom valor pela transação e ganhando um melhor salário, ou jogando por aqui em clubes que pagam menos e sistematicamente atrasam seus pagamentos? Será que ao menos por um segundo estes jornalistas pararam para colocar-se no lugar daquele profissional? Será que caso um jornal de Lisboa lhes oferecesse uma grande bolada e altíssimo salário para trabalhar alguns anos por lá eles recusariam por "amor" a suas atuais emissoras/periódicos? Com certeza não. Então por que julgar e condenar o outro? A resposta já foi dada acima: hipocrisia. Hipocrisia esta que também permeia a maioria dos torcedores que condenam atitudes profissionais dos jogadores dos seus clubes quando muito provavelmente faria igual a eles em situações análogas em suas carreiras.

Entre os jornalistas acima estava Antero Greco, conhecido por dar palpites infundados em temas até alheios ao futebol apenas para posar de babaquinha politicamente correto. Lembro-me quando o volante Carlos Alberto, então no Figueirense, foi punido por falsidade ideológica ao alterar sua idade em cinco anos. Cinco anos! Depois de um bom campeonato nacional pelo Figueirense ele estava sendo cotado para transferência para clubes maiores que acreditavam que ele tinha 23 anos quando na verdade já tinha 28 anos. Depois de flagrado no crime e suspenso por um ano, Carlos Alberto, resolveu arrepender-se e, seguindo o discurso dos seus advogados, apareceu chorando na TV dizendo que "queria dar uma vida melhor para a minha mãe". Oras, então os fins justificam os meios? Quantos filhos não dão um duro danado honestamente para propiciar uma vida melhor para seus pais? Por que ele não regulamentou sua situação quando conseguiu ingressar no futebol profissional? Por que o arrependimento somente após ser pego pela justiça? Além disso, arrepender-se é entender que errou, aceitar as conseqüências e seguir a vida. Bem, diante das lágrimas de crocodilo do jogador Antero Greco sai em defesa do mesmo dizendo ser uma injustiça punir o rapaz arrependido que apenas buscava uma chance na vida... Entendem por que só posso ver jornalistas assim como babaquinhas. E o pior que estes desvios da realidade já são maioria, no jornalismo e na vida. Fruto da baixa espiritualidade e frouxa moral brasileira.