A preocupação fica por conta da crescente dificuldade de classificação na Libertadores. Uma infeliz inédita desclassificação na primeira fase é possível, e demanda que o time vence seus próximos dois compromissos contra o Sport-PE. Não é impossível, mas o retrospecto contra este adversário não ajuda: foram 5 derrotas e 1 empate nos 6 jogos entre os dois nos últimos dois anos. Entre estas derrotas houveram duas goleadas (4x1 e 3x0), perder para os reservas dos pernambucanos e até perder em pleno Palestra com eles jogando com dois jogadores a menos em campo. Não vai ser fácil.
Mas se o time aproveitar a derrota para entender seus problemas, pode ainda ter um grande ano. Quais são estes problemas? Primeiro não se iludir com a campanha no Paulistão. O nível dos adversários é muito baixo, e esta arrancada inicial não é diferente do que o pobre Guaratinguetá fez no ano passado. O time sofreu grandes modificações, esta em formação e apresenta problemas táticos e de elenco.
- A defesa é fraca e está mal treinada. Mauricio Ramos e Danilo são jogadores muito ruins. O primeiro gol do Colo-Colo foi uma demonstração inequívoca disto. A facilidade com que o atacante chileno avançou da intermediária até nossa área, trabalhando a bola entre os dois zagueiros, é prova cabal da fragilidade de ambos. E nada se salva quando Edmilson, que parecia ser nosso único zagueiro confiável, joga mal como ontem. Até o guerreiro Maurício é melhor que os dois titulares, mas ele não pertença a Traffic ou Iraty-PR e tem poucas chances. As outras opções de zagueiros, Jeci e Paulo Miranda, são um acinte. É um sério problema de montagem de elenco que apenas contratações de qualidade (no mínimo duas) podem resolver.
- Este problema na defesa se agrava com a teimosia do técnico no esquema 3-6-1 ou 3-5-2. Jogar com 3 zagueiros exige que eles tenham qualidade para sair jogando. Mas com exceção de Edmílson os demais zagueiros disponíveis não têm a mínima capacidade para isso. Até Edmílson tem falhado grotescamente na saída de jogo, errando quase todos seus lançamentos nos últimos jogos. Para piorar, Pierre é um volante destruidor que não tem condições de armar o jogo e, muito menos, de apoiar o ataque. Além do problema de ligação defesa-ataque, o time está mal treinado para defender neste esquema. Quando atacados, os jogadores parecem um bando correndo atrás da bola, sem posição e, naturalmente, sem eficiência. Luxemburgo tem que entender que não tem elenco para jogar neste esquema.
- O esquema de3 zagueiros ainda dependeria de ter alas eficientes, mas a lateral direita do time não tem nenhuma opção com a mínima condição de ser titular na equipe. Fabinho Capixaba é medíocre, o improvisado volante Wendel está desmotivado e o outro improvisado, Sandro Silva, não passa de um peladeiro. Outra posição crítica no elenco que demanda ao menos uma contratação importante.
- Com zagueiros que não sabem sair jogando, um volante que só defende e uma ala direita inexistente, o time fica restrito a saída de jogo pela ala esquerda (que com Pablo Armero e Marcão esta adequadamente servida), Diego Souza e Cleiton Xavier. Ocorre que Diego Souza não consegue jogar bem nem duas partidas seguidas. É individualista, prende em demasia a bola e não tem velocidade física e de raciocínio para armar este time. Restando apenas Cleiton Xavier para fazer isso. Quando ele joga mal, e ontem foi péssimo, o time simplesmente não consegue atacar o adversário. Além disso, este jogador de 26 anos já demonstrou inconstância demais ao longo de sua carreira para ficarmos na dependência do seu futebol. O ideal seria o time ter mais um meia de qualidade, de preferência canhoto, coisa rara neste elenco.
- Além dos problemas no elenco principal listados acima, o time carece de reservas de qualidade. As inócuas entradas de Jefferson, Jumar e Lenny contra o Colo-Colo são emblemáticas disto. Fico torcendo para que nada aconteça com Keirrison, nosso ótimo e único atacante de ofício, pois seguramente Ortigoza não chega aos seus pés. Mais um sério erro de montagem de elenco para a conta dos dirigentes e comissão técnica.
Estes problemas na montagem da defesa, falhas na montagem do elenco e problemas táticos ficam mais visíveis contra adversários um pouco mais capacitados do que os times do cambaleante futebol do interior paulista. E é melhor identificá-los e combatê-los agora que ainda estamos no início da temporada. Mas será que os dirigentes farão alguma coisa?
O jogo de ontem ainda mostrou um Luxemburgo perdido. Em nenhum momento ele conseguiu armar o seu time. De nada adiantou mandar seu exército de observadores estudar o time adversário, e também foi inútil a semana de preparação para este jogo. Precisando da vitória ele entra com o seu fraco 3-5-2 e no segundo tempo tirou Marcão, que não comprometia atrás e ainda tentava algo na frente, para colocar o inútil Jefferson. E Jumar? Não seria melhor ter entrado com um atacante, recuado Willians para o meio de campo. Nota zero para o técnico mais caro do hemisfério sul.
Bruno Cardoso: Chegou a fazer algumas boas defesas e não teve culpa nos gols. Mas também perdeu a oportunidade de brilhar... e isso é que me preocupa. Será que um dia Bruno irá brilhar? Hoje ele é melhor que Marcos, mas mais pela decadência natural do ídolo do que por seus próprios méritos.
Maurício Ramos: Fraco. É fácil ver porque Jeci era considerado o melhor zagueiro do Coritiba quando atuavam juntos. Mas Maurício Ramos é do Iraty-PR! Jumar: Entrou muito mal. Não defendeu nem atacou.
Edmílson: Que atuação desastrosa! Parece estar desaprendendo ao atuar ao lado de dos seus medonhos companheiros de zaga. Não acertou uma saída de jogo!
Danilo: Não é do ramo e fica óbvio porque Geninho o mandou para a reserva no Atlético-PR. Mas seu empresário deve ter boa relação com Luxemburgo e/ou os dirigentes do Palmeiras.
Fabinho Capixaba: Não acertou nenhum cruzamento e nulo atrás. Ou seja, o de sempre. Lenny: Errou todos os seus lances com exceção de um chute ao gol.
Pierre: Desastre quando tentou apoiar o ataque.
Cleiton Xavier: Voltou a jogar mal. Fraco na armação e nulo no combate no meio de campo.
Diego Souza: Não entrou em campo. Parece que se crê o novo Pelé, e quando faz isso fica patético.
Marcão: Não vinha de todo mal e devia ter ficado. Jefferson: A usual mediocridade.
Willians: Construiu as melhores jogadas do time e foi um dos poucos que se salvaram no jogo.
Keirrison: Só duas bolas chegaram a ele: numa fez o gol e noutra perdeu chance clara.
Uma boa vitória contra o Corinthians deve reanimar o time. Mas com a impossibilidade de novas inscrições nesta fase da Libertadores será preciso muita raça para lograr a classificação para a rendosa seqüência da intercontinental.