17 de agosto de 2008

O Palmeiras negocia bem seus jogadores?


Os dirigentes do Palmeiras precisam otimizar as negociações envolvendo os atletas do clube. A dificuldade em vender os jogadores fora dos planos da comissão técnica já foi demonstrada na postagem “A incrível história dos 33 jogadores “encostados”” (ver 16/07/2008).

Analisemos agora as vendas efetivamente concretizadas ao longo dos últimos dois anos. Primeiro saibamos quais foram elas (os valores aqui expressos são os divulgados na mídia quando da negociação):

Ano 2007
Marcinho Guerreiro: Depois de ver frustrada sua transferência para o Olympique de Marseille no final do ano anterior, o jogador é liberado do restante do seu contrato para transferir-se ao Metalurg Donetsk da Ucrânia. O time recebe uma pequena indenização.

Diego Souza: Prata-da-casa que começou bem no time principal, mas depois caiu de produção. Depois de emprestado ao Kashima Reysol, foi vendido ao Verdy Tokyo por US$650 mil (R$1.5 milhões na época).

Michael: Meia-esquerda habilidoso, mas individualista que também joga como ala. Vinha crescendo de produção, fazendo a dupla de armação com Valdivia, quando foi negociado por US$4 milhões (R$8 milhões na época) com o Dínamo Kiev da Ucrânia. Hoje está emprestado ao Santos.

Lúcio: Lateral-esquerdo limitado estava emprestado ao Grêmio quando foi negociado com o Hertha Berlim por US$2 milhões (R$3.5 milhões na época). O Palmeiras ficou com 75% deste valor e o Grêmio com a diferença.

Ano 2008

Caio: Meia-direita que vinha crescendo de produção, mas ainda precisava demonstrar maior disciplina tática e jogo coletivo. Vendido ao Eintracht Frankfurt por €4 milhões (R$10 milhões). O Palmeiras fica com a metade deste valor já que dividia o atleta com o Grêmio Barueri.

Diego Cavalieri: Nosso excelente goleiro foi vendido ao Liverpool por £3 milhões (R$10 milhões). O Palmeiras ficou com 60% deste valor e o restante foi para parceiros.

Henrique
: Melhor zagueiro do elenco vendido ao Barcelona por €10 milhões (R$26 milhões). O Palmeiras fica com R$4.1 milhões já que ele era jogador da Traffic.

Valdivia: O craque do time e ídolo da maioria da torcida foi vendido ao Al-Ain dos Emirados Árabes por €8 milhões (R$20 milhões). 25% deste valor deve ir aos investidores da Cesta de Atletas da qual Valdivia fazia parte.

Foram oito negociações neste período, todas para o exterior. Considero as vendas em si acertadas, com exceção das últimas três: Diego era o substituto de Marcos e Bruno ainda não foi suficientemente testado, Henrique jogou apenas 26 partidas pelo time, e Valdivia, dada sua importância para o time, não deveria sair no meio do campeonato.

Quanto aos valores julgo que não souberam otimizar o valor do Diego ao deixá-lo na reserva este ano. Se era para vendê-lo que o deixassem como titular para maximizar seu valor, quem sabe até com alguma convocação para a seleção. Também o valor referente a Valdivia foi demasiadamente baixo, basta compará-lo ao valor da transação acima do zagueiro Henrique ou as recentes vendas de Renato Augusto (€10 milhões) e Marcelo Moreno (€9 milhoes). O Palmeiras poderia conseguir um valor bem maior se o mantivesse até a metade do próximo ano. Valdivia seria seguramente valorizado com sua volta a seleção chilena e a potencial participação do time na próxima Libertadores.

Outra consideração é que com poucas vendas, e algumas com valor aquém do esperado, o valor total arrecadado é apenas cerca de R$42 milhões em praticamente dois anos. Muito pouco para ajudar a cobrir o custo da folha de compromissos do time, incluindo um elenco inchado (lembrem-se de que o time paga parte dos salários de vários atletas emprestados a outros clubes) e a comissão técnica mais cara do hemisfério sul. Restam poucos jogadores de alto valor no elenco com passe primordialmente pertencente ao Palmeiras e ainda não vemos nas divisões de bases a formação uma geração redentora. Com altas despesas e a importante fonte de recursos representada pela venda de jogadores secando, esperamos que os dirigentes tenham preparada uma estratégia para assegurar o caminho ao superávit financeiro simultaneamente com a construção de um time consistentemente competitivo. Caso contrário seguremos agindo como um time pequeno, que se desfaz rapidamente de seus principais valores para cobrir um déficit que nunca acaba.