Os recentes entreveros provocados por torcedores com jogadores do time não é novidade, e nem por isso menos condenável. Mas o problema não passa por balelas com "é a paixão pelo futebol" ou "com futebol não se brinca". O tema é bem mais sério e reflete o acentuado grau de barbarismo ao qual o brasileiro, entre os outros povos, está chegando aceleradamente. O "Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros" patrocinado pelos Ministérios da Justiça e Saúde, publicado em 2008, mostrava um total de 46.660 homicídios em 2006 (último ano com dados disponíveis). E o último International Homicide Statistic publicado pela ONU em 2004 coloca o Brasil como o país com maior número total de homicídio no planeta, a frente da Índia, apesar do país asiático ter quase 1.2 bilhões de habitantes. Para uma comparação justa é preciso olhar o número de homicídios proporcionalmente a população de cada país. Assim o Brasil aparece como o 15º país mais violento do mundo entre os 267 países e territórios do planeta. Vejam a lista do índice de homicídios por 100 mil habitantes:
1) África do Sul - 69.0
2) Colômbia - 61.1
3) El Salvador - 57.5
4) Jamaica - 55.2
5) Costa do Marfim - 45.7
6) Lesoto - 37.3
7) Venezuela - 37.0
8) Angola - 36.0
9) Burundi - 35.4
10) Congo - 35.2
11) Serra Leoa - 34.0
12) Haiti - 33.9
13) Zimbabwe - 32.9
14) Honduras - 32.2
15) Brasil - 30.8
Ou seja o índice brasileiro rivaliza com as mais atrasadas nações africanas e países com graves conflitos internos, como a presença da sanguinária FARCs na Colômbia. Os EUA aparecem com um índice de 5.9 homicídios por 100 mil habitantes e os mais relevantes países europeus com índices ainda menores: França 1.6, Inglaterra 1.6, Espanha 1.4, Itália 1.2 e Alemanha 1.0.
Nada disso tem a ver com futebol. Mas sim com o fato do Brasil ser um país de quarta casta, para quem predominam os valores corporais e materiais, e sem a mínima chance de um projeto civilizatório. O acelerado afastamento dos princípios religiosos e, conseqüentemente morais e éticos, completam o serviço. O caráter prometéico do esquerdismo, ONGs, Teologia da Libertação e outros cânceres corroem as entranhas do país.
Neste cenário cruel, mas real, a maioria dos torcedores vêem no futebol uma forma de sobrepor-se àqueles que deveria ser seus irmãos. No seu vazio existencial e intelectual não conseguem vislumbrar outras formas de marcar sua presença neste mundo e revoltam-se quando uma derrota do seu time tira-lhes o prazer desta falsa superioridade. Só mesmo um ser patético para sentir no esporte praticado por outrem uma forma de usufruir alguma superioridade sobre alguém. Daí vermos desde o simples imbecil que está menos preocupado em desfrutar o entretenimento esportivo do que com a possibilidade de gozar ou ser gozado pelos "amigos", até aqueles que descarregam sua frustração nos atletas.
E falando em atletas, jogador de futebol é um profissional como outro qualquer do meio de entretenimento. Tem menos possibilidade de levar uma vida anônima fora do campo, mas acerta e erra como qualquer outro. Os maus profissionais devem ser evitados ou vaiados e dispensados uma vez identificados. Nada mais que isso. É engraçado ver nos fóruns de torcedores aqueles que criticam a falta de profissionalismo dos atletas enquanto teclam levianamente no horário de expediente. É apenas um detalhe, mas mostra o quão distantes estão da realidade.