O jornal O Estado de São Paulo trouxe a seguinte matéria em sua edição de hoje:
A Traffic exige mudanças na gestão do futebol do Palmeiras para não acabar a parceria com o clube. J. Hawilla, presidente da empresa, garantiu também apoio ao técnico Muricy Ramalho e quer a permanência do vice Gilberto Cipullo no comando do futebol.
"A parceria com o Palmeiras continua, mas o clube precisa mudar o modelo de gestão do futebol. Não é possível um elenco caríssimo, um ativo de milhões de reais, toda a história de um clube de 16 milhões de torcedores, ficar na mão de uma única pessoa, que é o treinador. A administração do futebol no Brasil está superada, é arcaica", falou.
Hawilla exige a criação de uma comissão técnica, com profissionais de todas as áreas, para administrar o futebol do Palmeiras. "O Muricy tem de ter uma comissão com gente do futebol, profissionais do bem, em todos os setores. Ele, Muricy, cuidaria só do trabalho no campo - treinar e colocar o time para jogar. Nada mais que isso."
O presidente da Traffic admite rever a parceria se o Palmeiras não mudar a administração do futebol. "Queremos a permanência do Cipullo, apoiamos o Muricy, mas o modelo de gestão do futebol tem de mudar."
Dá muito que pensar este pronunciamento. Afinal, de qual modelo de gestão fala o mandatário da Traffic? O Palmeiras tem uma super estrutura com dois gerentes de futebol remunerados, dois diretores e um vice-presidente. Além disso, o técnico tem dois auxiliares e toda uma comissão técnica de profissionais que rivaliza com a de Luxemburgo. Então do que fala Hawilla? Oras, a dica está dada quando ele diz que o técnico só deve cuidar do trabalho no campo. Traduzindo: o técnico não deve dar palpites nas contratações e dispensas. Assim a Traffic e os dirigentes ficam livres para fazer os absurdos como as rápidas passagens de Henrique e Keirrison no time, como a legião de pernas-de-pau que enfiaram no clube (e.g. Paulo Miranda, Lenny, Sandro Silva, Jefferson, Jumar, Moacir, Evandro e Gustavo para citar apenas alguns) ou ainda contratar via a Traffic jogadores livres no mercado como foi o caso de Cleiton Xavier. A Traffic prefere o estilo Luxemburgo que topa qualquer negócio desde que ele esteja incluído no rolo, basta lembrar a piada Thiago Cunha. Diante disso só posso computar ponto positivo para Muricy.
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No meio de tanta sem-vergonhice ao menos Hawilla disse algo coerente nestes últimos dias.
"Temos de montar um supertime para 2010. É isso o que vamos tentar fazer, mesmo não estando na Libertadores. Vamos montar um time muito bom que tem de ter uma estrutura definitiva para que não se renove de dez a 15 jogadores por ano. Temos de repor três ou quatro jogadores importantes a cada ano. É isso que proponho ao Palmeiras. Formar uma espinha dorsal, ter um time inteiro, uma comissão técnica de primeira qualidade, um treinador de ponta e alterar quatro ou cinco jogadores por ano" – afirmou, ao programa São Paulo Acontece da TV Bandeirantes.
Nada mais correto e óbvio, mas por que não fizeram isso nestes três anos que estão no clube? Por que fizeram exatamente o oposto? Por que desmontaram o time campeão paulista para enfiar Fabinho Capixaba, Evandro, Jumar, Sandro Silva, Jefferson e outros no time? Falar o óbvio eles já mostraram que sabem. Vamos ver se também sabem fazer o óbvio.
