14 de maio de 2009

Balanço Finaceiro de 2008 e a gestão temerária

No último dia 7 de abril o Palmeiras publicou o seu balanço financeiro referente ao ano passado. Desnecessário dizer que uma vez mais o Palmeiras ficou no vermelho, uma constante nos últimos cinco anos e sem sinal de melhoria dado o estilo perdulário dos dirigentes de plantão.
As receitas tiveram um forte crescimento:

  • Direitos de Transmissão – A receita com as cotas de TV aumentaram de R$25.3 milhões em 2007 para R$30.4 milhões no ano passado. Parte disso é fruto de antecipações junto a Federação Paulista de Futebol. Mas esta é uma fonte de receita que tende a melhorar em 2009 com a entrada em vigor do novo acordo da Globo com o "Clube dos 13" e a participação do time na Libertadores.
  • Patrocínio & Publicidade – O acordo com a Fiat elevou estas entradas para R$16.7 milhões contra uma média de R$10 milhões nos anos anteriores. Novo aumento deve ser observado este ano com a entrada do novo acordo com a Adidas. Corrigido a atraso dos contratos anteriores, os incrementos tendem a serem menores nos anos subseqüentes.
  • Bilheteria – O acertado aumento no preço dos ingressos, somado ao advento do setor VIP e a boa campanha do time em 2008, provocaram um aumento de receita de R$10.1 milhões neste período – de R$7.5 milhões em 2007 para R$17.6 milhões. Só a participação do time nas finais do Paulistão geraram quase R$2 milhões incrementais. A manutenção da receita neste patamar, ou seu desejável aumento, agora vai depender muito mais da performance do time. Ao menos até a inauguração da desejada Arena.
  • Venda de Atletas – Aqui tivemos o maior aumento de receita, crescendo de R$20.5 milhões em 2007 para R$43.5 milhões em 2008. As vendas de Valdívia, Diego Cavalieri e Caio, e a comissão sobre a venda de Henrique respondem praticamente pela totalidade desta receita, porém a famigerada "Bolsa de Atletas" e outras deduções, consumiram R$18 milhões daquele valor (mais de 40%). Esta é uma linha de receita onde podemos ter muitos problemas com acelerada entrega do elenco nas mãos dos "amigos" investidores de Belluzzóquio.
  • Outras receitas – Aqui entram vários tipos de receita como licenciamentos, vendas internas no estádio, loterias (como o Timemania), prêmios por conquista e outras. Estas totalizaram R$5.3 milhões no exercício contra R$2.2 milhões no ano anterior. O principal ganho veio do prêmio da FPF pela conquista do campeonato paulista, i.e. R$2 milhões.


Com isso a receita do futebol profissional saltou de R$65.1 milhões em 2007 para R$112.7 milhões no ano passado. Um aumento de R$47.6 milhões assim divididos:

  • Venda de Jogadores – R$23.0 milhões
  • Bilheteria – R$10.1 milhões
  • Patrocínio & Publicidade – R$6.2 milhões
  • Direitos de Transmissão – R$5.1 milhões
  • Outras Receitas – R$3.1 milhões

Que pese a dificuldade de identificar as antecipações de receitas que ocorreram (com dívidas para com a Traffic pipocando em todo o balanço e somando alguns milhões), o resultado do ano é sem dúvida muito expressivo. Mas então porque o clube continuou tendo prejuízo e viu sua dívida aumentar? Aí é que entram a questão perdulária que levantei acima. Ocorre que as despesas cresceram tanto quanto as receitas: de R$62.2 milhões em 2007 para R$103.5 milhões em 2008 – um aumento de R$41.3 milhões. Não é fácil entender o detalhamento das despesas através do balanço publicado, mas uma das causas foi a quase criminosa transferência de direitos sobre o elenco (leia-se Bolsa de Atletas) que mencionei acima, além disso houve um espetacular aumento das despesas com salários, direito de arena (fórmula quase marginal de burlar o fisco) e terceiros de 69%, praticamente R$25 milhões apenas de incremento, sendo Luxemburgo e sua corte responsáveis pela maior parte do mesmo.
Daí para o vermelho no futebol basta somar as divisões de base cujos custos aumentaram mais de 50% sem que tenha sido produzida uma única revelação ao longo do ano. E o buraco aumenta ainda mais quando consideramos o já tradicional déficit do clube social, as potenciais despesas com juros sobre a dívida crescente e as pendências com a Previdência e o Fisco.

Por isso insisto que é preciso sair do ciclo vicioso da gestão temerária que assola o clube. O "entreguismo" do elenco para os "amigos investidores" e a transferência da riqueza gerada pela torcida via bilheteria, patrocínio e cotas para uma comissão técnica nababesca, um exército de jogadores inúteis e uma clube social mal gerido não colocará de volta o Palmeiras no lugar que os torcedores desejam.