Citando o balancete palmeirense, a imprensa divulgou que o clube fechou no primeiro semestre com déficit de R$ 10 milhões, sendo que só o departamento de futebol deu prejuízo de R$ 6,7 milhões. Isso está em linha com a afirmação do Seraphim Del Grande de que o clube social é deficitário já faz muito tempo e depende dos recursos do time para sobreviver. Assim, as vendas de Cavalieri e Valdivia, entre outros, visavam cobrir déficits tanto do time e quanto do clube social.
Com as seguidas má gestões no futebol já é difícil sustentar o time financeiramente. Que dizer então quando tem que carregar nas costas o déficit de um clube social?
Outro tema que esta grave questão levanta é sobre o papel do torcedor que compra ingressos, assina pay-per-view, valoriza atletas (como Valdivia) e adquire artigos do time sem saber que os recursos assim gerados são desviados para sustentar o lado social do qual ele não recebe nenhum benefício. E ainda há associados que dizem que o verdadeiro palmeirense é o sócio do clube. Quanta hipocrisia!
Não há espaço para falar em administração profissional e time competitivo enquanto não houver uma separação financeira entre as duas entidades, time e clube social. Os dirigentes devem rever o lado social para alcançar seu equilíbrio financeiro independentemente dos recursos gerados pelo time. E o mesmo deve ser feito do lado do time.
Lotear o Palmeiras para investidores externos, como a Traffic, é uma solução de curto prazo e enganosa. Atualmente 12 dos 27 jogadores do elenco principal são emprestados por outros clubes, principalmente a Traffic. Ao passo que o futebol de base há muito foi entregue aos empresários. É assim que se espera resolver os problemas financeiros? Só se for para resolver o lado financeiro destes empresários e investidores.
Enquanto não se equilibrar financeiramente, independentemente de figuras como a Traffic, o Palmeiras não vai alcançar posto de destaque no futebol internacional. Por isso a necessidade de ter uma comissão técnica dentro das condições financeiras do time, de enxugar o elenco atual de 58 atletas acima de 20 anos, de revelar jogadores nas divisões de base, de valorizar e otimizar a exploração da marca Palmeiras, de promover a ida dos torcedores ao estádio e, principalmente, de trabalhar-se com honestidade em prol do Palmeiras.