Quando observo a estrutura de comando do Palmeiras não posso deixar de lembrar a “estratégia das tesouras” que o sanguinário ditador russo Stalin lançou para articular dois partidos socialistas. Esta estratégia consistia em fazer com que a ala aparentemente inofensiva do movimento aparecesse como única alternativa à revolução marxista, ocupando o espaço da direita de modo que esta, picotada entre duas lâminas, acabasse por desaparecer. A oposição tradicional de direita e esquerda seria então substituída pela divisão interna da esquerda, de modo que a completa homogeneinização socialista da opinião pública é obtida sem nenhuma ruptura aparente da normalidade.Olhando para o Palmeiras, o que dizer quando o sucessor do reinado de terror de Mustafá foi o seu próprio ex-vice-presidente? “Nós rompemos”, dizem candidamente como se fossem dois namorados adolescentes. Este fato só não é evidente devido ao adiantado processo de anestesia mental das pessoas. Mas tem mais:
Gilberto Cippulo, atual vide-presidente de futebol e, teoricamente, forte opositor de Mustafá, foi diretor de futebol daquele por 7 anos. E o foi durante a era Parmalat, quando o clube quase não tinha despesas e sim receitas crescentes com a venda de jogadores. Quem cuidava do futebol profissional era Brunoro, contratado pela multinacional. O que então fazia Cippulo? Boa pergunta. Não fez nada pelo futebol de base, nada pelo estádio e anda pela infra-estrutura do futebol. “Mas o Mustafá não soltava a verba” dizem os afoitos ingênuos. E levou 7 anos para Cippulo notar isso? Ele é simplesmente estúpido ou era conivente?
Nos dias negros de Mustafá ouve o infame episódio da contratação do obscuro Tiago Treichel. Trazido por determinação do então vice-presidente José Cyrillo Júnior, Tiago não foi aprovado pelo ex-técnico Tite, mas permanece no clube por um simples motivo: havia um pré-contrato assinado pelo cartola no qual o Palmeiras teria que desembolsar cerca de US$ 20 milhões se quisesse devolver o jogador ao Litex-BUG antes do término do período do empréstimo. Resultado: o Palmeiras desembolsou cerca de US$ 300 mil apenas para assinar contrato de três anos com um jogador que nunca jogará pelo time. O que faz hoje um dirigente de tamanha incompetência? Ora, José Cyrillo Júnior é o atual diretor administrativo. Notam como personagens de situação e oposição se confundem e se perpetuam no poder.
Outro caso é o do odiado Hugo Palaia de tantas contratações esdrúxulas e pronunciamentos disparatados. Era o símbolo do último ano da era Mustafá mas hoje é diretor financeiro do clube. Quanto ao próprio Mustafá segue alegre, mas não saltitante (devido ao peso), como membro do Conselho de Orientação e Fiscalização do clube.
Como se vê nem as moscas mudaram muito.
PS: Qualquer semelhança da “estratégia das tesouras” com as atuações de PSDB e PT na política nacional não é mera coincidência.
